domingo, dezembro 24, 2006

Passagem de ano 2006-2007

Aqui está a mensagem do organizador da festa:

Caros amigos venho anunciar que, mais uma vez, vamos organizar a grande
Festa de Passagem de Ano!

Organização: Elisiário Cunha(Lalo), Nuno Rei, David Novais.

Local: Quinta dos Poços (estrada Póvoa/Famalicão, 1O min da Póvoa).

Condições:
- Bar aberto (MESMO BAR ABERTO DO INÍCIO AO FIM)
- Comida (bifanas, bolo rei, caldo verde,.....)
- 2 espaços
- 3 djs
- Espectáculo pirotécnico (com algumas surpresas)
- Oferta/sorteio de actividades outdoor (paintball, descida
de rio em canoa, orientação....) - com apoio da empresa Minhaventura
- Possibilidade de aluguer de casa ou apartamento na própria
Quinta dos Poços

Nº de pessoas do ano anterior- 550 pessoas

Estimativa para este ano - 700/800 pessoas

A organização deseja a todos um bom Natal e claro a melhor Passagem de Ano
de sempre!

Informações: passagem_ano@hotmail.com

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Passagem de ano 2006-2007

Passagem de ano 2006-2007
Vai ser de arromba! Vai ser na quinta dos poços como o ano passado. Todo o mundo vai estar presente e não tem hora pra acabar!

Pra quem não foi o ano passado a festa vai ter champanhe, passas, bolo rei, bar aberto all night long, snacks, fogo de artificio, muita animação, pequeno almoço (sim, porque dura até de manha), entre muitas outras surpresas!

É uma festa tipo privada mas aberta a toda a gente. Podes convidar todos os teus amigos!
O ano passado teve cerca de 600 pessoas...

Espero que venhas e tragas amigos, só posso garantir que vai ser muito fixe!

PS: o preço são 24 aéreos

quinta-feira, novembro 23, 2006

Apanhados da televisão portuguesa - 1/8 (TVI)

Conjunto de apanhados em entrevistas da televisão portuguesa. Estes são da TVI.
Isto tá de partir o coco a rir..

quarta-feira, novembro 08, 2006

Moon Cresta - Funkatronic

Descobri o grupo Moon Cresta no festival Byonritmos em Baião e tornamo-nos amigos. São um grupo espanhol com um estilo denominado Powerfunk, um genero tipo Jamiroquai... Têm grande qualidade musical e acabaram de lançar o primeiro album! Meus amigos só vos desejo muita sorte para o futuro! Abraço

sexta-feira, outubro 20, 2006

Jazz&Pintura

Estão todos convidados para a Inauguração da Exposição Colectiva de Pintura que terá lugar no próximo dia 20 de Outubro pelas 21h, no Auditório Municipal de Baião, mantendo-se patente ao público até dia 8 de Novembro.

APAREÇAM!!!

segunda-feira, outubro 02, 2006

Youtube

Mais noticias Byonritmos:

O paulo e o bruno criaram o youtube do byonritmos http://www.youtube.com/watch?v=1b_LDX3z8ts

O grupo espiral tb tem um video no byonritmos
http://www.youtube.com/watch?v=dFtkQwYNdms

O proximo festival já está a ser pensado assim como várias iniciativas culturais de promoção do festival!

Stay tuned!

quarta-feira, setembro 13, 2006

ByOnRitmos


BYONRITMOS – Festa da Diversidade!

Decorreu nos dias 25 e 26 de Agosto

Na zona que envolve a majestosa Casa da Juventude de Baião, nas margens do Rio Ovil, encosta da Serra da Aboboreira, nasceu um novo festival - BYONRITMOS – Festa da Diversidade -

onde debaixo do mesmo céu, se pretenderam juntar diferentes tendências e gostos musicais. Na primeira noite, juntou a soul music dos UGO ao rock dos ChemicalWire, passando pela originalidade do funk galego dos MoonCresta, que surpreendeu e extasiou a plateia.

No sábado, depois da arruada dos Espiral, que abriu o programa, os Sativa deram largas ao seu reggae portuense, que desde logo incendiou o espaço do festival; a noite continuou com Gezt passando pelo som da fanfarra de bombos, saxofone e acordeão que preparou a plateia para o concerto mais pesado da noite – MOSH. Luís Filipe Borges, da Revolta dos Pasteis de Nata, foi o anfitrião durante os dois dias de festival, inundando a todo o momento o palco, com a sua espontaneidade e humor próprio.

Romperam as madrugadas com a aguardada Metropolis Party, que alternou, no palco montado para o efeito, diferentes sons pela mão de diferentes gerações de DJ's. Foi ainda possível, ouvir neste recinto, o som das gaitas-de-foles e percussão, que faziam voltar a esta pista/eira, ritmos imemoriais.

Durante todo o tempo que decorreu o festival foi ainda possível o slide sobre a eira, a escalada, os confrontos em paitball e a pintura mural, de onde resultaram 6 magníficos murais, realizados por centenas de artistas, de entre público, e que contou também com participação de vários elementos de todas as bandas presentes.

É já uma promessa, para o ano teremos mais!

www.byonritmos.com

Para mais informações:

e-mail 1 : info@byonritmos.com

e-mail 2 : byonritmos@gmail.com

sábado, agosto 12, 2006

Festas de S. Bartolomeu

Estão quase a chegar mais umas festas de S. Bartolomeu.
Este ano decorrem de 18 (sexta) a 24 (quinta).

As festas da terrinha são sempre aquela maluqueira que ninguem gosta de faltar e onde acontecem sempre coisas inesperadas...
Este ano promete! Como é habitual a começar no lareira e a acabar em minha casa ;) As gaitas de foles já estão afinadas, as violas preparadas e os djs a escolher as musicas.

É incrivel como estas festas cada vez têm mais adeptos! Cada amigo que trago ás festas, é mais um que fica fascinado com isto. As festas têm uma parte tradicional muito forte, com o fogo de artificio, fogo preso, tourada, o anho assado, as barraquinhas com artesanato e fumeiro, os romeiros, entre outros. Os romeiros de S. Bartolomeu são grupos de foliões organizados que reinam numa das noites das festas. É uma noite "in extremis" onde tudo é permitido e não há ninguem que a pare! As festas têm um ambiente de folia e diversão dificilmente comparável com outras festas ou eventos do genero. Quem não está habituado adora, quem está não quer perder pitada! Durante o dia temos ainda as Piscinas, a praia fluvial, o rio Douro e muitas coisas pra descontrair.

Este ano tem uma novidade! No fim das festas começa o festival da juventude dias 25 e 26 de agosto, com alguns grupos de baião e outros que poderão surpreender. Vejam em http://www.byonritmos.com/

A todos os meus amigos que quiserem marcar presença, já sabem, falem cmg .

Beijos e abraços e muita diversão

segunda-feira, junho 19, 2006

Lameira Summer Festival


A VERDADEIRA FESTA DE ABERTURA DO VERAO 2006!!!

Bar Aberto(ate nao poderes mais!!)

10 Veroes
15 Veroes - No dia

Org: Nuno Rei & Nelson Filipe

COM ANOES,GIBOIAS, UM REI MARROQUINO E TODO O TIPO DE PASSARADA

http://www.hi5.com/friend/profile/displayProfile.do?userid=78583821

quarta-feira, abril 26, 2006

«O Norte» - segundo Miguel Esteves Cardoso

Primeiro, as verdades. O Norte é mais Português que Portugal. As minhotas são as raparigas mais bonitas do País. O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela. As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.
Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta.
Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca. Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas. Mais verdades. No Norte a comida é melhor. O vinho é melhor. O serviço é melhor. Os preços são mais baixos. Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia. Estas são as verdades do Norte de Portugal. Mas há uma verdade maior. É que só o Norte existe. O Sul não existe. As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, etc., existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta. Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista? No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.
Não haja enganos. Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal. Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal. Mas o Norte é onde Portugal começa. Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo. Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte. Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa. Mais ou menos peninsular, ou insular. É esta a verdade. Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte.
Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente. No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa. O Norte cheira a dinheiro e a alecrim. O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho. Tem esse defeito e essa verdade. Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.
O Norte é feminino. O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.
As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos. Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros.
Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas. São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem.
As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente. Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial. Só descomposturas, e mimos, e carinhos.
O Norte é a nossa verdade.
Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório.
Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu.
Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi. Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte". Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo.
Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente. No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima.
Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita. O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os-Montes, se é litoral ou interior, português ou galego?
Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.
O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm de dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos?

sábado, abril 15, 2006

meeeeeeeee

 Posted by Picasa

A festa do meu aniversário

Obrigado a todos os meus amigos que me proporcionaram uma festa de aniversário inesquecível!

Queria agradecer em especial ao Dj Nuno Rei que se esmerou e teve a bombar, aos andarilhos pela animação que criaram, a todos os que me ajudaram a preparar a festa e os que marcaram presença na festa.

Estão de parabens também todos akeles que ganharam a taça! hehe

Já estão disponiveis as fotos do meu aniversário no endereço
http://spaces.msn.com/constructor99/photos/

Beijos e abraços

domingo, fevereiro 26, 2006

sábado, fevereiro 18, 2006

Janta dos "Amigos do Baião"

Pois é pessoal... mais uma janta
Pra festejar o fim dos exames não há nada como um jantar com os amigos para vingar toda a abstinencia de alcool e convivio a que estivemos sujeitos durante tanto tempo.

É tempo de beber para esquecer ou beber pra festejar...
É tempo de borga, diversão e de encontrar os amigos que já não vemos há algum tempo.

A janta fica marcada pra dia 24, sexta feira. O ponto de encontro é no Piolho ás 20h zero zero.
Confirmem-me até quarta ou quinta

Beijos e abraços

Fantasporto 2006 - Não percam!!!

 Posted by Picasa

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Afinal o desenrasque é bom ou mau?

Uma das características distintivas da gestão em Portugal parece ser o desenrasque. Um estudo feito com gestores portugueses e expatriados em Portugal assim o indicava, traduzindo de resto uma intuição corrente. Os portugueses parecem ser mestres na arte do desenrasque e aparentemente demonstram algum orgulho nisso. Mas, afinal, o que é o desenrasque? Quais as suas consequências?

O desenrasque é por vezes tomado como sinónimo de improviso ou improvisação. Talvez valha a pena, no entanto, traçar uma distinção entre ambos. A improvisação é a arte da variação criativa deliberada sobre uma estrutura ou um plano. A improvisação necessita de estrutura, embora divirja dela. A estrutura é um apoio à criatividade, pelo que a improvisação ocorre melhor na presença de estruturas mínimas, isto é, suficientemente fortes para facilitarem a coordenação e a harmonia, mas abertas à novidade.

Nas organizações, essas estruturas podem tomar a forma de objectivos e responsabilidades. No jazz podem ser uma melodia e um conjunto de convenções sociais.

A improvisação é, em suma, um processo paradoxal, altamente estruturado e profundamente criativo. O desenrasque parece ser mais criativo que estruturado. É um jazz menos melodioso e mais livre. Pode produzir pequenos milagres e envolve uma componente criativa que é estimulante para os seus praticantes. Não é por acaso que ser "enrascado" é socialmente negativo e ser "desenrascado" é um motivo de orgulho.

Será o desenrasque um exclusivo português? Nada o leva a crer, já que existe evidência da mesma preferência por acção do tipo improvisado/desenrascado noutros países, designadamente nos latinos, incluindo a Espanha.

O horror ao desenrasque parece aliás maior junto dos profissionais oriundos de países com práticas de gestão mais desenvolvidas ao longo de décadas de gestão moderna - e afinadas na burocracia genuinamente moderna do Norte da Europa e não na sua aparentada pré- -moderna, que se difundiu no Sul da Europa, onde ainda persiste. Nos países do Norte, os planos são tomados a sério, as regras são universais e os desvios devem ser excepcionais. No Sul, os planos terminam muitas vezes com a apresentação em power point, as regras admitem uma paleta de excepções e o seguimento do plano é a excepção.

Em termos da superioridade dos modelos, os resultados falam por si. O orgulho lusitano na arte do desenrasque talvez apenas mostre que "there can be too much of a good thing". A consequência são anedotas como a relatada por um participante no estudo acima referido "A fábrica ideal na Europa teria gestores holandeses e operários alemães. Ao meio, dentro de uma redoma de vidro um português. No vidro estaria colado o aviso: quebrar em caso de emergência." C

Para desenvolver o assunto

Aram, J. D., & Walochik, K. (1996). Improvisation and the Spanish Manager. International Studies of Management and Organization, 26 73-89.

Ballas, A. A. & Tsoukas, H. (2004). Measuring Nothing The Case of the Greek National Health System. Human Relations, 57, 661-690.

Cunha, M. P. (2005). Adopting or Adapting? The Tension between Local and International Mindsets in Portuguese Management. Journal of World Business, 40(2), 188-202.
Miguel Pina e Cunha

Director de MBA da Universidade Nova de Lisboa

O cerco

JÁ FALTOU mais para que um dia destes tenha de passar à clandestinidade ou, no mínimo, tenha de me enfiar em casa a viver os meus vícios secretos. Tenho um catálogo deles e todos me parecem ameaçados: sou heterossexual «full time»; fumo, incluindo charutos; bebo; como coisas como pezinhos de coentrada, joaquinzinhos fritos e tordos em vinha d'alhos; vibro com o futebol; jogo cartas, quando arranjo três parceiros para o «bridge» ou quando, de dois em dois anos, passo à porta de um casino e me apetece jogar «black-jack»; não troco por quase nada uma caçada às perdizes entre amigos; acho a tourada um espectáculo deslumbrante, embora não perceba nada do assunto; gosto de ir à pesca «ao corrido» e daquela luta de morte com o peixe, em que ele não quer vir para bordo e eu não quero que ele se solte do anzol; acredito que as pessoas valem pelo seu mérito próprio e que quem tem valor acaba fatalmente por se impor, e por isso sou contra as quotas; deixei de acreditar que o Estado deva gastar os recursos dos contribuintes a tentar «reintegrar» as «minorias» instaladas na assistência pública, como os ciganos, os drogados, os artistas de várias especialidades ou os desempregados profissionais; sou agnóstico (ou ateu, conforme preferirem) e cada vez mais militantemente, à medida que vou constatando a actualidade crescente da velha sentença de Marx de que «a religião é o ópio dos povos»; formado em direito, tornei-me descrente da lei e da justiça, das suas minudências e espertezas e da sua falta de objectividade social, e hoje acredito apenas em três fontes legítimas de lei: a natureza, a liberdade e o bom senso. Trogloditas como eu vivem cada vez mais a coberto da sua trincheira, numa batalha de retaguarda contra um exército heterogéneo de moralistas diversos: os profetas do politicamente correcto, os fanáticos religiosos de todos os credos e confissões, os fascistas da saúde, os vigilantes dos bons costumes ou os arautos das ditaduras «alternativas» ou «fracturantes». Se eu digo que nada tenho contra os casamentos homossexuais, mas que, quanto à adopção, sou contra porque ninguém tem o direito de presumir a vontade «alternativa» de uma criança, chamam-me homofóbico (e o Parlamento Europeu acaba de votar uma resolução contra esse flagelo, que, como está à vista, varre a Europa inteira); se a uma senhora que anteontem se indignava no «Público» porque detectou um sorriso condescendente do dr. Souto Moura perante a intervenção de uma deputada, na inquirição sobre escutas na Assembleia da República, eu disser que também escutei a intervenção da deputada com um sorriso condescendente, não por ela ser mulher mas por ser notoriamente incompetente para a função, ela responder-me-ia de certeza que eu sou «machista» e jamais aceitaria que lhe invertesse a tese: que o problema não é aquela deputada ser mulher, o problema é aquela mulher ser deputada; se eu tentar explicar por que razão a caça civilizada é um acto natural, chamam-me assassino dos pobres animaizinhos, sem sequer quererem perceber que os animaizinhos só existem porque há quem os crie, quem os cace e quem os coma; se eu chego a Lisboa, como me aconteceu há dias, e, a vinte quilómetros de distância num céu límpido, vejo uma impressionante nuvem de poluição sobre a cidade, vão-me dizer que o que incomoda verdadeiramente é o fumo do meu cigarro, e até já em Espanha e Itália, os meus países mais queridos, tenho de fumar envergonhadamente à porta dos bares e restaurantes, como um cão tinhoso; enfim, se eu escrever velho em vez de «idoso», drogado em vez de «tóxicodependente», cego em vez de «invisual», preso em vez de «recluso» ou impotente em vez de «portador de disfunção eréctil», vou ser adoptado nas escolas do país como exemplo do vocabulário que não se deve usar. Vou confessar tudo, vou abrir o peito às balas: estou a ficar farto desta gente, deste cerco de vigilantes da opinião e da moral, deste exército de eunucos intelectuais. Agora vêm-nos com esta história dos «cartoons» sobre Maomé saídos num jornal dinamarquês. Ao princípio a coisa não teve qualquer importância: um «fait-divers» na vida da liberdade de imprensa num país democrático. Mas assim que o incidente foi crescendo e que os grandes exportadores de petróleo, com a Arábia Saudita à cabeça, começaram a exigir desculpas de Estado e a ameaçar com represálias ao comércio e às relações económicas e diplomáticas, as opiniões públicas assustaram-se, os governantes europeus meteram a viola da liberdade de imprensa ao saco e a srª comissária europeia para os Direitos Humanos (!) anunciou um inquérito para apurar eventuais sintomas de «racismo» ou de «intolerância religiosa» nos «cartoons» profanos. Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto: a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os «cartoons», mas de quem os publica! A Dinamarca não tem petróleo, mas é um dos países mais civilizados do mundo: tem um verdadeiro Estado Social, uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias, defende o cidadão contra os abusos do Estado e a liberdade contra os poderosos, socorre os doentes e os velhos, ajuda os desfavorecidos, acolhe os exilados, repudia as mordomias do poder, cobra impostos a todos os ricos, sem excepção, e distribui pelos pobres. A Arábia Saudita tem petróleo e pouco mais: é um país onde as mulheres estão excluídas dos direitos, onde a lei e o Estado se confundem com a religião, onde uma oligarquia corrupta e ostentatória divide entre si o grosso das receitas do petróleo, onde uma polícia de costumes varre as ruas em busca de sinais de «imoralidade» privada, onde os condenados são enforcados em praça pública, os ladrões decepados e as «adúlteras» apedrejadas em nome de um código moral escrito há quase seiscentos anos. E a Dinamarca tem de pedir desculpas à Arábia Saudita por ser como é e por acreditar nos valores em que acredita? Eu não teria escrito nem publicado «cartoons» a troçar com Maomé ou com a Nossa Senhora de Fátima. Porque respeito as crenças e a sensibilidade religiosa dos outros, por mais absurdas que elas me possam parecer. Mas no meu código de valores - que é o da liberdade - não proíbo que outros o façam, porque a falta de gosto ou de sensibilidade também têm a liberdade de existir. E depois as pessoas escolhem o que adoptar. É essa a grande diferença: seguramente que vai haver quem pegue neste meu texto e o deite ao lixo, indignado. É o seu direito. Mas censurá-lo previamente, como alguns seguramente gostariam, isso não. É por isso que eu, que todavia sou um apaixonado pelo mundo árabe e islâmico, quanto toca ao essencial, sou europeu - graças a Deus. Pelo menos, enquanto nos deixarem ser e tivermos orgulho e vontade em continuar a ser a sociedade da liberdade e da tolerância.
De Miguel Sousa Tavares no expresso