terça-feira, dezembro 02, 2008

segunda-feira, novembro 24, 2008

Stop and Hear the Music

Quando o luxo vem sem etiqueta... Dá que pensar...
Quando o luxo vem sem etiqueta...

O tipo desce na estação de metro vestindo jeans, t-shirt e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora rush matinal.

Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos traseuntes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a 'bagatela' de 1000 dólares.

A experiência, gravada em í­deo, mostra homens e mulheres de andar rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de glamour.

Somente uma mulher reconheceu a música...

O vídeo da apresentação no metro está no You Tube:

Vanessa Mae - Red Hot Music Video

Vanessa Mae Destiny

Vanessa Mae - The Devil's Trill

Vanessa Mae : Fantasy on a theme from Caravans

quarta-feira, outubro 01, 2008

quarta-feira, setembro 10, 2008

Guiness

guiness world records

Churrasco da Sónia

 



Churrasco da Sónia muito bem acompanhado ;)
Posted by Picasa

Byonritmos

 


Eu com os amigos e o João Seabra
Posted by Picasa

o homem até tá vermelho

 


O homem até tá vermelho...
tá envergonhado ou é da emoção de casar?
Posted by Picasa

é binho e do bom!

 


Casamento do Malafaia hehe
Posted by Picasa

Corrida entre eu e o chaves...

 


Corrida entre eu e o chaves...
Quem ganhou? ja se sabe...
Posted by Picasa

PIU' BELLA COSA - 1996 - EROS RAMAZZOTTI official

quarta-feira, setembro 03, 2008

Topo Gigio - Português

eu tinha um grande poster do topo gigio no meu quarto!

Antigo reclame de natal

jogos

isto dava mais vicio que os jogos olimpicos!

Twin Peaks Intro

esta vale pela musica...

vagabundo

guilherme tell

ABERTURA NOVELA TIETA

O Tal Canal - Genérico

duarte e CIa

adorava esta série

Thundercats Intro

Thunder thunder thundercats!!!

Transformers Intro

adorava os transformers. Até tinha uns bonecos destes

He-Man Intro

She-Ra Intro

LONE RANGER INTRO

adorava este

Godzilla

As Aventuras do Bocas

Intro of

formiga

wacky

muito loucos estes bonecos!

Fabulas da Floresta Verde - Portugal 1985

esta tb me lembro...

dartacao pt

este ainda me lembro de ver... e n perdia!

Calimero - Genérico (Fr)

Abelha Maia

para recordar

quarta-feira, agosto 27, 2008

Zeca José Afonso Carta a Miguel Dgdije




Diga amigo Miguel
Como está você?
Em todo o Xipamanine
Já ninguém o vê
Vou dar-lhe a minha viola
Para tocar outra vez

O seu valor um dia
Você mostrou
Todo o mainato o ouvia
E até dançou
Miguel só você sabia
Tocar como já tocou

Vinha maningue gente
Para aprender
Moda lá da sua terra
Bonita a valer
O Jaime e o Etekinse
Amigos não volt´haver

Quando a noite se ouvia
Miguel tocar
Também havia a marimba
Para acompanhar
A noite
Na Ponta Geia
Amigos hei-de recordar


O barco foi andando
E a Nanga vi
Foi a saudade aumentando
Longe daí
A gente
Na minha terra
Não canta assim
Como eu ouvi

sexta-feira, agosto 22, 2008

quinta-feira, agosto 21, 2008

domingo, agosto 17, 2008

domingo, julho 27, 2008

terça-feira, julho 08, 2008

terça-feira, junho 17, 2008

sábado, junho 14, 2008

quinta-feira, junho 05, 2008

Fotos de Madrid

Aqui estão as fotos de madrid!!!
Grandes fim de semana prolongado cheio de fiesta!!!

Fotos da Gabi
Madrid Mayo 2008 (Fotos Gabi) 1/2


Fotos do Miguel
Madrid Mayo 2008 (Fotos Miguel) 2/2

sitio bem caro!

Quando
à noite cheguei a casa,a minha mulher
insistiu que a levasse a sair, a um sítio bem caro.....









Levei-a a uma bomba de gasolina !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, abril 10, 2008

terça-feira, abril 08, 2008

Star Wars Kid Matrix

Weird ping pong match

FUTBOL A LA MATRIX

Matrix Karate

Will you take the blue or the red pill?




Remember, all I'm offering is the truth. Nothing more.

Novo acordo ortográfico

Alevantar
O acto de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come
por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'.

Amandar
O acto de atirar com força: 'O guarda-redes amandou a bola para bem longe'

Aspergic
Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.

Assentar
O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair
no cimento.

Capom
Porta de motor de carros que quando se fecha faz POM!

Destrocar
Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.

Disvorciada
Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.

É assim...
Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer
nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer
frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.

Entropeçar
Tropeçar duas vezes seguidas.

Êros
Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.

Falastes, dissestes...
Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele
falou, TU FALASTES..

Fracturação
O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial.
Casa que não fractura... não predura.

Há-des
Verbo 'haver' na 2ª pessoa do singular: 'Eu hei-de cá vir um dia; tu
há-des cá vir um dia...'

Inclusiver
Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu
inclusiver acho esta palavra muita gira.
Também existe a variante "Inclusivel".


A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à
língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?

Nha
Assim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA.
Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma
poupança extraordinária.

Númaro
Também com a vertente "númbaro". Já está na Assembleia da República
uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a
qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!

Parteleira
Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.

Perssunal
O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex.:
'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.

Pitaxio
Aperitivo da classe do 'mindoím'.

Prontus
Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um
'prontus'! Fica sempre bem.

Quaise
Também é uma palavra muito apreciada pelos nossos pseudo-intelectuais...
Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.

Stander
Local de venda. A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis.
O "stander" é um dos grandes clássicos do "português da cromagem"...

Tipo
Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua
portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada,
pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo.
É assim... tipo, tás a ver?

Treuze
Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.

quinta-feira, abril 03, 2008

Artigo de Nuno Markl - para a geração dos 30

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa
conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer. 'Quem? ', perguntou ele.
Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo? A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração:

O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos: Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho...

Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio,

nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo 'Moleculum infanticus', que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos
maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração 'rasca'...

Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

domingo, março 30, 2008

Promoção Vamos a Pequim!!!!!!!!!!!



Promoção Vamos a Pequim!!!!!!!!!!!
Ganhe duas passagens com todas as despesas pagas para a Olimpíada de Pequim 2008!

Para participar é muito fácil, basta responder correctamente as seguintes questões com relação à foto abaixo:

1. Qual o aluno que demonstra sinal de cansaço(sono)?
2. Quais são os irmãos gémeos?
3. Quantas mulheres estão no grupo?
4. Quem tem o sorriso mais alegre?

Boa sorte e boa viagem!!!

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Byonritmos por água abaixo!



Programa
Descida de Rafting rio Paiva :

DIA 9 de FEVEREIRO (confirmado)

8:30h - Saída do Porto ( café Velasquez)

9:30 - Chegada a Castelo de Paiva, breve paragem

10:0 - Vestir o equipamento

10:30 - Entrada no rio

Durante o percurso serão realizadas algumas brincadeiras sempre em
segurança e em locais escolhidos pelos nossos guias, (saltos para a
água, brincadeiras com o barco etc.

13:30 Saída do rio, reforço alimentar


Requisitos: obrigatório saber nadar, levar sapatilhas para molhar,
toalha e fato de banho.

Inscreve-te para miguel_barreto@hotmail.com ou 935593142

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Como é pessoal alinham dia 9 de FEV????



Caros Amigos , como já devem ter reparado, a chuva
finalmente chegou, e por isso a Momentos Livres já começou a "ligar os
motores dos barcos" para descermos rio abaixo... Entra nesta aventura
e vamos fazer desta descida uma festa!

Programa
Descida de Rafting rio Paiva :

DIA 9 de FEVEREIRO (comfirmado)

8:30h - Saída do Porto ( café Velasquez)

9:30 - Chegada a Castelo de Paiva, breve paragem

10:0 - Vestir o equipamento

10:30 - Entrada no rio

Durante o percurso serão realizadas algumas brincadeiras sempre em
segurança e em locais escolhidos pelos nossos guias, (saltos para a
água, brincadeiras com o barco etc.

13:30 Saída do rio, reforço alimentar


Requisitos: obrigatório saber nadar, levar sapatilhas para molhar,
toalha e fato de banho.



Vai a www.mlaventura.com e agenda a tua descida.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

O Norte segundo Miguel Esteves Cardoso

«Primeiro, as verdades.

O Norte é mais Português que Portugal.

As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.

O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.

As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes
que já se viram.

Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana
secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à
vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca.
Verde- rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que
se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco
ao olhar. Até o granito das casas.

Mais verdades.

No Norte a comida é melhor.

O vinho é melhor.

O serviço é melhor.

Os preços são mais baixos.

Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma
ninharia.

Estas são as verdades do Norte de Portugal.

Mas há uma verdade maior.

É que só o Norte existe. O Sul não existe.

As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira,
Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.

No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se
identifica como sulista?

No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos
falam de Portugal inteiro.

Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.

Não haja enganos.

Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.

Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que
constitui Portugal.

Mas o Norte é onde Portugal começa.

Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte,
Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito
pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial
mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à
parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul -
falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do
Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a
que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito
estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não
quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho.
Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é mpecável,
porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses)
nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher
portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá
nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis,
daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se
sozinhos.

Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de
frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão
confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas,
graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas
pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as
verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram
quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma
panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo


puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os
olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos
brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de


braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como
conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte
deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em
Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão,
numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.

Só descomposturas, e mimos, e carinhos.

O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no
Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só
porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que
preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o
Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português
escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não
escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as

defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O
Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender
Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua
pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma
terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em
Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte
de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a cidade de Amarante ainda é mais bonita.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho
ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece
vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para
as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima
de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para
adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós
todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e
dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a
maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse
só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos
outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos? »

Miguel Esteves Cardoso